Na Ilha do Marajó, os municípios de Soure e Salvaterra são os que mais
avançaram no combate à discriminação racial. É lá onde ocorre uma das
experiências de educação contra o racismo mais significativas no Estado.
Trata-se da "Semana Integrada de Combate ao Racismo no Marajó". A
atividade sensibiliza a sociedade para atuar no enfrentamento ao
racismo, destacando a escola como espaço multicultural. "Assim se
enfrenta a produção do silêncio acerca da existência do racismo na
sociedade brasileira e no cotidiano escolar, ampliando a visibilidade e a
voz daqueles que lutam contra o racismo", declarou o professor Amilton
Sá Barretto, da Coordenadoria de Educação para Promoção da Igualdade
Racial (Copir), da Secretaria de Estado de Educação.
As equipes organizadoras da Semana "mobilizam as escolas de forma
extraordinária", diz o coordenador , segundo qual o Projeto está em
sintonia "com o Plano Nacional de Implementação das Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Etnicorraciais e
para ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana,
principalmente no que se refere a pontos das orientações para Educação
Básica, no Capítulo7".
O professor cita como exemplos pontos como o que "aborda a temática
étnicorracial como conteúdo multidisciplinar e interdisciplinar durante
todo o ano letivo, buscando construir projetos pedagógicos que valorizem
os saberes comunitários e a oralidade, como instrumentos construtores
de processos de aprendizagem; e o que orienta como propiciar, nas
coordenações pedagógicas, "o resgate e acesso a referências históricas,
culturais, geográficas, linguísticas e científicas nas temáticas da
diversidade".
Amilton aponta outras sintonias do Projeto com o Plano Nacional, como
"apoiar a organização de um trabalho pedagógico que contribua para a
formação e fortalecimento da auto-estima dos jovens, de docentes e
demais profissionais da educação e contribuir para o desenvolvimento de
práticas pedagógicas reflexivas, participativas e interdisciplinares,
que possibilitem ao educando o entendimento de nossa estrutura social
desigual".
Para trabalhar, com o alunado, a convivência com a diversidade cultural,
regional e etnorracial, a Diretora de Ensino Infantil e Fundamental
(Deinf), Ana Claudia Serruya Hage, tem difundido entre as unidades de
ensino orientações quanto "a aderência às diretrizes curriculares
nacionais, as quais apontam para a prática da diversidade e o
reconhecimento da alteridade como elemento fundante da sociedade", diz
acrescentando que "a ação pedagógica é materializada por meio de
oficinas, seminários, jornadas pedagógicas, feiras e eventos recreativos
e interativos, tais como os jogos escolares, eventos culturais, e
outros".
Segundo Amilton, a Seduc estimula as escolas a implementar a Lei
10.639/2013, que trata sobre a inclusão no currículo oficial de toda a
rede de ensino brasileira a obrigatoriedade do ensino da história e da
cultura africana e afro-brasileira. "Para isso, fazemos formação
continuada de professores e professoras para construção de planos de
curso, palestras nas escolas para toda a comunidade escolar para
superação e enfrentamento ao racismo, projetos específicos sobre
educação quilombola e etnicidade", diz o professor Barretto.
Magali Sousa, da Diretoria de Ensino Médio tem uma prática para promover
a igualdade etnorracial e de gênero na comunidade escolar: "Muita
leitura, pesquisa sobre os temas e trabalhos voltados sob a ótica da
ética, fazendo com que os alunos analisem que a raça ou etnia não
determinam o caráter de uma pessoa", ensina a educadora e encerra com um
alerta: "A importância de respeitar as diferenças deve ser ensinada
desde os primeiros anos de vida e se prolongar enquanto a pessoa viver,
pois é na infância que o indivíduo está mais sensível aos valores de
igualdade".
Texto: Celival Lobo
Fonte: Site da SEDUC
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