Como surgiu o Dia da Consciência Negra
O idealizador do Dia Nacional da Consciência Negra
foi o poeta, professor e pesquisador gaúcho Oliveira Silveira (1941 –
2009). Ele era um dos fundadores do Grupo Palmares, que reunia
militantes e pesquisadores da cultura negra brasileira, em Porto Alegre.
Em 1971 (mesmo ano de fundação do grupo), ele propôs uma data que
comemorasse a tomada de consciência da comunidade negra sobre seu valor e
sua contribuição ao país. Escolheu o dia 20 de novembro, por ser o
possível dia da morte de Zumbi dos Palmares, que ocorreu em 1695. Era
muito mais significativo e emblemático do que comemorar o dia 13 de
maio, Dia da Abolição da Escravatura, quando o regime escravocrata
estava falido e não havia mais como se manter.
O 20 de novembro foi celebrado pela primeira vez naquele mesmo ano de
1971. A ideia se espalhou por outros movimentos sociais de luta contra a
discriminação racial e, no final dos anos 1970, já aparecia como
proposta nacional do Movimento Negro Unificado. De lá para cá, a data
tem motivado a promoção de fóruns, debates e programações culturais
sobre o tema em todo o país.
ENCONTREI MINHAS ORIGENS
Encontrei minhas origens
em velhos arquivos
....... livros
encontrei
em malditos objetos
troncos e grilhetas
encontrei minhas origens
no leste
no mar em imundos tumbeiros
encontrei
em doces palavras
...... cantos
em furiosos tambores
....... ritos
encontrei minhas origens
na cor de minha pele
nos lanhos de minha alma
em mim
em minha gente escura
em meus heróis altivos
encontrei
encontrei-as enfim
me encontrei
em velhos arquivos
....... livros
encontrei
em malditos objetos
troncos e grilhetas
encontrei minhas origens
no leste
no mar em imundos tumbeiros
encontrei
em doces palavras
...... cantos
em furiosos tambores
....... ritos
encontrei minhas origens
na cor de minha pele
nos lanhos de minha alma
em mim
em minha gente escura
em meus heróis altivos
encontrei
encontrei-as enfim
me encontrei
Oliveira Silveira
Roteiro dos Tantãs
Roteiro dos Tantãs
A cultura afro-brasileira e o seu lugar na educação
Em 2003, a incluiu o Dia Nacional da Consciência Negra no calendário
escolar, e tornou obrigatório o ensino sobre história e cultura
afro-brasileira nas escolas de ensino fundamental e médio, públicas e
particulares.
Tendo em vista que a influência do negro marcou profundamente a
identidade e a cultura nacionais, o reconhecimento e a inclusão dos
conteúdos relativos à África e ao povo africano no currículo das escolas
foram de extrema importância, mesmo que tenham sido somente no início
do século 21. Dessa forma, os professores devem incluir em seus
programas aulas sobre: história da África e dos africanos, luta dos
negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da
sociedade nacional.
É claro que essa mudança não é automática nem simples, pois foram
anos e anos de uma prática educacional onde o negro só aparecia nos
pontos que discorriam sobre a escravidão no Brasil. É preciso fazer
reconhecer a participação dos africanos na construção do país, seu
legado cultural e sua participação no desenvolvimento brasileiro;
inclusive, partindo da visão dos africanos e dos afro-descendentes, não
somente do ponto de vista eurocêntrico (dos europeus) ou dos ditos
dominantes, que acabavam dominando as leituras didáticas.
Conhecer e reconhecer o ponto de vista do negro e valorizar sua
contribuição cultural não só diz respeito aos afro-descendentes, mas a
todos nós, frutos de uma sociedade multicultural: a sociedade
brasileira.
Sobre o tema da educação das relações étnico-raciais e do ensino de
história e cultura afro-brasileira e africana, sugerimos uma visita ao
site do Ministério da Educação (MEC), onde há diversas publicações sobre o tema.
Poeta negro brasileiro, nascido em 1941 na área rural de Rosário do
Sul,Estado do Rio Grande do Sul. Filho de Felisberto Martins Silveira,
branco brasileiro de pais uruguaios, e de Anair Ferreira da Silveira,
negra brasileira de cor preta, de pai e mãe negros gaúchos.
Graduado em Letras – Português e Francês com as respectivas Literaturas – pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul,UFRGS. Docente de português e literatura no ensino médio. Atividades jornalísticas. Ativista do Movimento Negro.
Um dos criadores do Grupo Palmares, de Porto Alegre. Estudou a data e sugeriu a evocação do 20 de Novembro,lançada e implantada no Brasil pelo Grupo Palmares a contar de 1971,tornando-se Dia Nacional da Consciência Negra em 1978, denominação proposta pelo Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial, MNUCDR.
Como escritor, publicou até 2005 dez títulos individuais de poesia – Pêlo escuro, Roteiro dos tantãs, Poema sobre Palmares, entre outros – e participou de antologias e coletâneas no país e no exterior: Cadernos negros, do grupo Quilombhoje, e A razão da chama, de Oswaldo de Camargo, em São Paulo-SP; Quilombo de Palavras, organização de Jônatas Conceição e Lindinalva Barbosa, em Salvador, na Bahia; Schwarze poesie/Poesia negra e Schwarze prosa/Prosa negra, organizadas por Moema Parente Augel e editadas na Alemanha por Édition diá em 1988 e 1993, com tradução de Johannes Augel; ou revista Callaloo volume 18, número 4, 1995, e volume 20, número 1 (estudo de Steven F. White), 1997, Virgínia, Estados Unidos.
Graduado em Letras – Português e Francês com as respectivas Literaturas – pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul,UFRGS. Docente de português e literatura no ensino médio. Atividades jornalísticas. Ativista do Movimento Negro.
Um dos criadores do Grupo Palmares, de Porto Alegre. Estudou a data e sugeriu a evocação do 20 de Novembro,lançada e implantada no Brasil pelo Grupo Palmares a contar de 1971,tornando-se Dia Nacional da Consciência Negra em 1978, denominação proposta pelo Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial, MNUCDR.
Como escritor, publicou até 2005 dez títulos individuais de poesia – Pêlo escuro, Roteiro dos tantãs, Poema sobre Palmares, entre outros – e participou de antologias e coletâneas no país e no exterior: Cadernos negros, do grupo Quilombhoje, e A razão da chama, de Oswaldo de Camargo, em São Paulo-SP; Quilombo de Palavras, organização de Jônatas Conceição e Lindinalva Barbosa, em Salvador, na Bahia; Schwarze poesie/Poesia negra e Schwarze prosa/Prosa negra, organizadas por Moema Parente Augel e editadas na Alemanha por Édition diá em 1988 e 1993, com tradução de Johannes Augel; ou revista Callaloo volume 18, número 4, 1995, e volume 20, número 1 (estudo de Steven F. White), 1997, Virgínia, Estados Unidos.
Texto extraido da Sala Camutuê no site www.acordacultura.org.br
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