Segundo pesquisadora, os grupos neonazistas eram
predominantes no sul do país, mas nos últimos anos têm crescido
vertiginosamente no Distrito Federal, em Minas Gerais e em São Paulo
Por Léo Rodrigues, do Portal EBC
O crescimento do número de simpatizantes neonazistas tem se
tornado uma tendência internacional. É o que aponta um monitoramento da
internet realizado pela antropóloga e pesquisadora da Unicamp, Adriana
Dias. De 2002 a 2009, o número de sites que veiculam informações de
interesse neonazistas subiu 170%, saltando de 7.600 para 20.502. No
mesmo período, os comentários em fóruns sobre o tema cresceram 42.585%.
Nas redes sociais, os dados são igualmente alarmantes. Existem
comunidades neonazistas, antissemitas e negacionistas em 91% das 250
redes sociais analisadas pela antropóloga. E nos últimos 9 anos, o
número de blogues sobre o assunto cresceu mais de 550%.
Adriana Dias trabalha há 11 anos mapeando grupos neonazistas que
atuam na internet e também no mundo não virtual. Devido ao conhecimento
construído, a pesquisadora já prestou consultoria para a Polícia Federal
e para serviços de inteligência de Portugal, Espanha e outros países.
- Veja as estatísticas do crescimento de sites com assuntos neonazistas:
Brasil
Segunda Adriana, os grupos neonazistas eram predominantes no sul do
país, mas nos últimos anos têm crescido vertiginosamente no Distrito
Federal, em Minas Gerais e em São Paulo. Ela vem mapeando o número de
internautas que baixam arquivos de sites neonazistas e considera
simpatizantes aqueles que já fizeram mais de 100 downloads. Por esse
critério, seus dados de 2013 apontam que há aproximadamente 105 mil
neonazistas na região Sul.
- Estados com maior número de internautas que baixaram mais de 100 arquivos de sites neonazistas (clique nos estados)
No caso de Minas Gerais, os movimentos parecem ter ganhado fôlego em
2009, como forma de responder ao assassinato de Bernardo Dayrell
Pedroso. Fundador da revista digital “O Martelo”, ele era uma referência
do movimento neonazista na cidade. Acabou morto em um evento no
município de Quatro Barras (PR), por uma outra gangue de skinheads
neonazistas que via em Bernardo uma barreira para sua ascensão.
Organização
Não é possível descrever um único percurso para ingresso no movimento
neonazista. Mas há uma trajetória mais comum: “Geralmente, eles atendem
ao proselitismo na juventude. O jovem em busca de uma causa acaba
recebido pelo grupo, que o convencem de que o negro ou o judeu tomou seu
espaço no mercado de trabalho, na universidade etc”, explica Adriana
Dias.
Os líderes dos grupos geralmente não participam das ações violentas.
“São pessoas que já possuem uma condição financeira melhor e geralmente
possuem curso superior. Eles conduzem o movimento e leem muito material
antissemita. Possuem um alto grau de instrução e buscam se resguardar de
eventuais ações judiciais”, descreve a pesquisadora.
Fonte: Revista Fórum
Nenhum comentário:
Postar um comentário