A Coordenadoria
de Educação para a Promoção da Igualdade Racial (Copir), da Secretaria
de Estado de Educação (Seduc), atua na implementação da Lei 10.639/2003,
que, neste ano, comemora dez anos. Essa lei instituiu o ensino da
história e cultura africanas e afrobrasileira na educação básica como
estratégia de valorizar a contribuição dos negros na sociedade. "No
Brasil, onde se criou historicamente um racismo velado, a escola é de
fundamental importância para formação de pessoas que compreendam a
importância de combater o preconceito e a discriminação racial", diz o
coordenador em exercício da Copir, Tony Vilhena.
Segundo
ele, a escola tem que cumprir o papel de disseminação da contribuição
positiva das populações negras e indígenas na história e cultura
brasileira, não desprezando, lógico, a contribuição da cultura européia.
"Para isso, faz-se necessário trazer à tona um debate que a sociedade
brasileira ainda tem dificuldades de assumir: a existência cruel do
racismo que nega a igualdade de oportunidades e direitos para as pessoas
não brancas, principalmente aos negros", afirma. As ações da Copir,
explica, partem da perspectiva das políticas de reparação ao impedimento
histórico que os negros tiveram ao tentar acessar direitos básicos de
cidadania, "pois hoje se reconhece que os descendentes de africanos
negros sofreram danos psicológicos, materiais, sociais, políticos e
educacionais sob o regime escravista, bem como durante as políticas
explícitas ou tácitas de branqueamento da população, de manutenção de
privilégios exclusivos para grupos com poder de governar e de influir na
formulação de políticas, no pós-abolição".
Conforme
Tony Vilhena, "objetivamos fortalecer entre os negros e despertar entre
os brancos a consciência negra. Entre os negros, poderão oferecer
conhecimentos e segurança para orgulharem-se da sua origem africana;
para os brancos, poderão permitir que identifiquem as influências, a
contribuição, a participação e a importância da história e da cultura
dos negros no seu jeito de ser, viver, de se relacionar com as outras
pessoas, notadamente as negras".
Tony
Vilhena cita a pesquisadora Eliane dos Santos Cavalleiro que afirma que o
racismo na escola deixa marcas nos alunos difíceis de serem apagadas
com o tempo. Nos alunos negros ele acarreta um sentimento de auto
rejeição; desenvolvimento de baixa autoestima com ausência de
reconhecimento de capacidade pessoal, timidez, pouca ou nenhuma
participação em sala de aula; ausência de reconhecimento positivo de seu
pertencimento racial; dificuldade de aprendizagem; e, finalmente,
recusa de ir pra a escola (evasão) e exclusão escolar. Nos alunos
brancos, o racismo cristaliza um sentimento irreal de superioridade
racial, cultural, estética e intelectual, impedindo que reconheça a
pluralidade como um bem social.
Diante
dessa conjuntura, a Copir apresenta sete projetos permanentes que visam
contribuir para a superação do racismo. Um deles é a a Cor da Escola,
cujo objetivo é atuar na Região Metropolitana de Belém, estrategicamente
nas Escolas de Tempo Integral, capacitando profissionais da educação na
abordagem da temática das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação das Relações Étnico-Raciais e Ensino da História e Cultura
Afro-Brasileira e Africana. O outro é o "Projeto Educação, Etnicidade e
Desenvolvimento: Fortalecimento de Negros e Negras Quilombolas na
Educação Básica", objetivando contribuir para a elevação da aprendizagem
dos alunos quilombolas ampliando o acesso a outros níveis e modalidades
de ensino, evitando a evasão e repetência. Aplicação das Diretrizes
Curriculares Nacionais da Educação Escolar Quilombola. Há, ainda, os
projetos Projeto Afro Pará, Encontro do Fórum Permanente de Educação e
Diversidade Étnico-Racial (Fopeder), Encontro de Elaboração de Conteúdos
sobre a temática da diversidade étnico-racial e o II Seminário de
Ensino Religioso e Educação das Relações Étnico-Raciais.
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