O Festival Internacional de Cinema de
Fronteira (FIA CINEFRONT) alcança em 2016 a segunda edição, entre os
dias 11 e 15 de abril, em Marabá [Estado do Pará].
A iniciativa é da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará
(Unifesspa), por meio da sua Diretoria de Ação Intercultural, em
associação com os movimentos sociais e a Secretaria Municipal de Cultura
de Marabá.
O longa "Osvaldão” [2015, 80 minutos], figura
considerada emblemática para os guerrilheiros do Araguaia, dos diretores
Fabio Bardella e André Michiles abrirá o Festival, às 19h, do dia 11 de
abril, no Campus da Unifesspa, em Marabá. O ativista Paulo Fonteles,
membro da Comissão da Verdade, e os diretores do filme debaterão sobre a
luta popular no Araguaia, após a exibição do longa. O indigenista e
jornalista Felipe Milanez é o curador o Festival.
O FIA Cinefront
traz sessões gratuitas, seguidas de debates, a partir das realidades que
fazem parte das regiões da periferia e de fronteira, a exemplo da
Amazônia. Conforme a coordenação do evento, o Festival é um momento de
celebrar as lutas sociais e a re-existência popular, que fazem da
fronteira um front de batalha por direitos, igualdade, justiça e
dignidade.
Em sua segunda edição, o Festival coloca em foco as
lutas travadas por indígenas, guerrilheiros e camponeses, e a realidade
de violações de direitos constituída pelo processo de ocupação da
Amazônia, no contexto da ditadura militar no Brasil. As obras
selecionadas contemplam o protagonismo de camponeses, indígenas e
guerrilheiros, em um horizonte anticolonial.
O mundo dos Carajás
significa um símbolo na história nacional no que tange à luta pela
terra. Ali, como em outros cantos amazônicos, há milênios, indígenas
dominam a arte em manejar os recursos naturais, desenvolver tecnologias e
uso comunal do território. São a todo momento ameaçado pelas grandes
obras de infraestrutura, que visam a dinamizar o saque das riquezas
locais.
Homenagem
Vincent Carelli é o
homenageado do Cinefront. O realizador é indigenista, documentarista,
fundador do projeto "Vídeo nas Aldeias”. Carelli assina filmes como
"Ninguém come carvão” [1991] e "Corumbiara” [2009], que,
respectivamente, denunciam a destruição da floresta pelas siderúrgicas
no Pará e Maranhão, e o massacre de índios na Gleba Corumbiara, em
Rondônia.
Em
1969, Carelli esteve pela primeira vez em Carajás. Visitou os Xikrin do
Catete. Por meio de concurso, ingressou na Funai [Fundação Nacional do
Índio]. Durante a ditadura civil-militar, ele abandonou a instituição
para somar forças junto as resistências e lutas do movimento indígena e
indigenista.
Na condição de fotografo, realizou uma das primeiras
grandes coberturas jornalísticas sobre a Guerrilha do Araguaia,
juntamente com os jornalistas Palmério Dória, Sérgio Buarque e Jaime
Sautchuk. O material foi revelado na revista História Imediata, dando
visibilidade ao que a ditadura gostaria de ocultar, o Massacre do
Araguaia.
Confira a programação.
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