EXPOSIÇÃO "ÁFRICA: OLHARES CURIOSOS", Hilton Silva

domingo, 1 de outubro de 2017

Professores/as de Senador José Porfírio são certificados/as para o ensino de cultura africana e afro-brasileira


Na última semana, professores/as da Rede Estadual e Municipal de Senador José Porfírio concluíram  o PROJETO AFRO-PARÁ - FORMAÇÃO CONTINUADA EM ENSINO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA, curso de 120 horas ministrado pela Secretaria de Estado de Educação do Pará (SEDUC), através da parceria da Coordenadoria de Educação para a Promoção da Igualdade Racial (COPIR) e o Centro de Formação de Profissionais de Educação Básica do Estado do Pará (CEFOR). Atuaram como tutora e tutor, a pedagoga Simone Araújo e o sociólogo Tony Vilhena.
Vencendo todas as barreiras burocráticas que intimidaram que mais profissionais da educação participassem da formação, 20 professores/as conseguiram com muito empenho finalizar os estudos e receberam seus devidos certificados que testificam a aptidão para a atuarem como multiplicadores/as de educação para as relação étnico-raciais. Os módulos do curso compreenderam: I) História da África e dos Africanos, II) Ambientação da Plataforma MADAE e III) Elaboração de Projetos de Educação para as Relações Étnico-Raciais.
Para a professora Maria Lúcia Zortéa, a Lei 10.639 que institui o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira na Educação Básica "vem ao encontro de anseios antigos e é um amparo legal para que possamos enfrentar com maior coragem e determinação o racismo dentro dos espaços educacionais".
A metodologia do curso possibilitou a apresentação do continente africano de modo diferenciado ao que vem sendo normatizado em livros didáticos e nos meios de comunicação, onde a África é mostrada negativamente, limitada à pobreza e epidemias, contribuindo para que se feche o ciclo difundido na colonização que relega inferioridade a todo um continente. Mas o curso mostrou o "outro lado" do continente africano, com sua riqueza cultural, diversidade de nações e povos, produções científicas e personalidades influentes globalmente, visando promover a África enquanto berço da humanidade e de valores civilizatórios.
Seguindo a metodologia que previa elaboração de projetos plenamente executáveis para 2018, um legado para a cidade, as professoras e os professores se reuniram em dois grupos de trabalho e produziram projetos educativos que podem ser inseridos no planejamento escolar de 2018, tanto na Rede Estadual como na Rede Municipal.

Visita técnica num Templo Religioso de Matriz Africana
 
Outra temática muito estudada durante o curso foi "Religiões e religiosidades de matriz africana", devido a necessidade de se combater a intolerância religiosa, visto que estas são, ainda hoje, muito perseguidas, discriminadas e silenciadas nos currículos e na rotina da escola.
Surgiu por iniciativa dos cursistas a proposta de uma visita numa comunidade de terreiro. Após articulações, realizou-se uma roda de conversa no Terreiro de Xango Caô, de tradição Umbandista, sendo recebidos/as por Mãe Thaiana, sacerdotisa líder daquela casa de culto. Além de contar o histórico de formação da instituição religiosa, datado em 1982, Mãe Thaiana também expôs palestra sobre conceitos e filosofias da Umbanda, respondendo as diversas perguntas de professores/as presentes.
Ficou o comprometimento de acolhida às crianças e jovens afro-religosos nas escolas, respeitando suas crenças, garantindo sua liberdade e combatendo qualquer manifestação de racismo religioso.


Texto: Tony Vilhena
Fotos: Simone Araújo e Giovana Ferreira

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