EXPOSIÇÃO "ÁFRICA: OLHARES CURIOSOS", Hilton Silva

sábado, 7 de outubro de 2017

Portel tem formação em educação escolar quilombola

 
Aconteceu de 03 a 06 de outubro, na cidade de Portel, a execução do Projeto Educação, Etnicidade e Desenvolvimento: Fortalecimento de Alunos e Alunas Quilombolas na Educação Básica. Nesta fase do projeto enfatiza-se a formação de profissionais da educação que atuam em escolas quilombolas ou em escolas que recebem estudantes oriundos das comunidades remanescentes, conforme determinam as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Escolar Quilombola, instituídas pela Resolução 08/2012 do Conselho Nacional de Educação.

Contando com a eficiente parceria entre a Coordenação de Educação Quilombola da Secretaria Municipal de Educação de Portel (SEMED) e a Coordenadoria de Educação para a Promoção da Igualdade Racial da Secretaria de Estado de Educação do Pará (COPIR/SEDUC), o projeto atendeu mais de 120 profissionais da educação, que vieram de comunidades quilombolas, ribeirinhas e da sede do município.

Na cerimonial de abertura do encontro, registrou-se na mesa a participação do secretário municipal Joaquim Queiroz (representando o prefeito), secretário de Cultura Maike David, professor Manoel Francisco (representando o secretário de Educação), professora Elizângela Vasconcelos (coordenadora de Educação Escolar Quilombola), professora Rita Oliveira (representante da gestão educacional), vereador Jucimar Situba (representante da Câmara dos Vereadores), professor Neirivaldo de Andrade (presidente da Associação Quilombola de Tauçu), professor Marcos Pinheiro e professor Tony Vilhena (ambos representando a COPIR).

Em seguida foram apresentadas as Diretrizes da Educação Escolar Quilombola pela equipe da COPIR, chamando a atenção para a necessidade de sua implementação na educação paraense. Para saber da realidade atual da educação quilombola em Portel, os/as participantes fizeram um diagnóstico a partir da metodologia que verificou suas Forças (ter uma Coordenação de Educação Quilombola instituída na SEMED, ter quilombos com reconhecimento e certificação, ter professores/as qualificados/as, etc.), Fraquezas (falta de maior auto-identificação quilombola, etc.), Oportunidades (legislações que garantem políticas públicas, lideranças políticas acessíveis para recebimento das reivindicações, etc.) e Ameaças (racismo, retrocessos na política nacional, etc.).

Após estudos de artigos sobre educação para as relações étnico-raciais, de orientações de inserção da temática da diversidade nos currículos e das referidas Diretrizes, foram elaboradas propostas de ação para o favorecimento da educação quilombola. Estas propostas serão sistematizadas pela SEMED, tendo em vista sua efetivação no ano letivo de 2018. Destacamos, entre as propostas:

- A construção de um portfólio das comunidades contendo relatos das histórias de vida, relatos de experiência e documentos históricos;

- A celebração do 13 de Maio como Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo, reunindo a comunidade escolar num trabalho interdisciplinar de palestras, oficinas de dança e teatro, exibição de filmes e rodas de conversas;

- A utilização de jogos africanos como o Morabaraba e o Mancala, para a interação e disseminação de africanidades;

- A mobilização das comunidades para enfrentamento ao racismo, assédio e abuso sexual, com confecção de panfletos e cartazes para campanhas de conscientização.

Aproveitando a oportunidade da Câmara Municipal de Portel está elaborando o Plano Plurianual, os/as cursistas levantaram propostas para garantia de recursos ao atendimento das populações quilombolas. Após consultas e rodas de conversa, encaminharam um abaixo-assinado solicitando a construção de escolas nos territórios quilombolas, formação continuada de professores/as, aporte para a alimentação escolar, edição de materiais didáticos próprios e realização do I Encontro Municipal de Comunidades Quilombolas.

Para o professor Neirivaldo Andrade, que também é presidente da Associação Quilombola de Tauçu,no Rio Acoti Pereira, esta formação possibilitou “uma nova visão, fazendo com que a comunidade entenda a necessidade de buscar mais informações e conhecimentos”. Na sua avaliação, a educação quilombola “vai contribuir para o trabalho específico na temática para que a própria comunidade possa se auto-identificar e se valorizar”.

A coordenadora de Educação escolar Quilombola da SEMED, professora Elizângela Vasconcelos, avaliou a formação como “histórica, por ser o início de muitas outras conquistas que ainda virão”. “A formação despertou o interesse de muitos professores, fortalecendo a discussão, abrindo-se novos caminhos para o debate e para a pauta em evidência da educação escolar quilombola, pois dentro do currículo é necessário inserir a questão do racismo, a valorização das culturas presentes nas comunidades, a história da comunidade”, argumentou a coordenadora.

Veja as fotos, abaixo


















































Texto e fotos: Marcos Pinheiro e Tony Vilhena

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