EXPOSIÇÃO NÓS DE ARUANDA
A partir do dia 7 de março de 2014, começará a segunda versão da exposição Nós de Aruanda na
galeria de arte Theodoro Braga na Fundação Tancredo Neves (CENTUR).
Assim como na primeira exposição, realizada em 2013, o projeto visa a
inserção e legitimação dos artistas de terreiro no circuito artístico de
Belém e de todo o estado do Pará.
Com realização e curadoria do Grupo de Estudos e Pesquisa Roda de Axé (GEP), essa segunda edição da exposição reúne 50 artistas de vinte terreiros,
incluindo coletivos como o AFAIA, Grupo Bambaré e o
Coletivo Corpo Sincrético que apresentam como obras: esculturas,
performances, intervenções urbanas, fotografia, música, entre outras
linguagens.
Entre
as motivações do trabalho do GEP – Roda de Axé, busca-se “a resistência
pelo direito à consciência do sagrado de Povos Tradicionais de
Terreiros de Matriz Africana no Pará em exposição coletiva, onde
esperamos contemplar a diversidade dessa produção periférica, como um
discurso afirmativo do protagonismo afro-amazônico na produção de
poéticas visuais”. E por essa razão, todo o processo de construção está
baseado no respeito à coletividade e na valorização da diversidade, bem
como o esforço em tirar do anonimato e do silenciamento, a luta de
mulheres negras e afro-religiosas, como a história de Mãe Doca, a
homenageada da exposição.
A homenageada
Mãe Doca é Nochê Navakoly,
maranhense de Codó cujo nome de batismo civil era Rosa Viveiros,
iniciada nas tradições afro-brasileiras pelo africano ManoelTeuSanto,
seu Vodun era Nanã e Toi Jotin. Por cultuar divindades africanas e
preservava as tradições de matriz afoamazônica, Mãe Doca foi presa
diversas vezes na década de 1890, quando a abolição já havia sido
declarada. E apesar de toda a violência sofrida, Nochê Navakoly jamais
desistiu de manter aberto em Belém oTerreiro de Tambor de Mina, lugar sagrado onde mantinha preservadas as tradições de suas origens.
A origem do projeto
O professor e pesquisador Arthur Leandro (Instituto de Ciências da Arte da Universidade Federal do Pará), o Tata Kinamboji,
recorda que no ano de 2008 quando saía com seus irmãos de santo de uma
cerimônia realizada no Forte do Castelo em Belém, convidou-os para verem
sua obra exposta no Museu da Casa das 11 Janelas, mas o grupo
manifestou que aquele espaço não seria um lugar para o povo de terreiro
Afirma
o professor que, “todo o movimento de realizar essa exposição é também
um projeto político para mostrar ao povo de terreiro que qualquer lugar é lugar pra gente e
que quem faz nossos lugares somos nós, que depende de nós a nossa
legitimação nesses espaços que até então eram únicos e exclusivamente de
deleite da elite”.
Foi
então que em 2011 durante as aulas do curso de especialização em
Saberes Africanos a Afrobrasileiros na Amazônia do Grupo de Estudos
Afro-Amazônicos da Universidade Federal do Pará (GEAM/UFPA), surgiu a
ideia da exposição, efetivada em 2013 e mantida em 2014.
Programação
Além da exposição, acontecerão: Rodas de conversa com artistas e pesquisadores nos dias 14, 21 e 28 de março. Sempre às 15h. Performances no dia 6 de março com Bruno B.O. (Hiphop), Carlos Cruz (performance de rua) e Nazaré Cruz (tranças e moda afro). Dia 14 de março com o Coletivo Corpo Sincrético (O corpo trai), Zezinho do Mocambo (Corporeidade). Dia 21 de março com Alan Fonseca e Sttefane Trindade (A cabaça de Anansy)
e Ekedy Janete. Dia 28 de março com o coletivo AFAIA,
Grupo Bambarê (Griot) e Duda Souza (Um (en)canto de Oxum).
Sempre a partir das 18h. Exibi ções da Rede de Cineclubes de Terreiro/ PARACINE nos dias 11 de março, 18 de março e 25 de março, a partir de 16h.
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