EXPOSIÇÃO "ÁFRICA: OLHARES CURIOSOS", Hilton Silva

segunda-feira, 3 de setembro de 2018


Construção e Afirmação da Autoimagem Positiva em Comunidades Quilombolas

A Coordenadoria de Educação para a Promoção da Igualdade Racial da Secretaria de Estado de Educação do Pará (COPIR/SEDUC) promoveu nos Municípios de Prainha e Porto de Moz oficinas com práticas pedagógicas que contemplaram a identidade afro-brasileira e a construção e afirmação de uma autoimagem positiva de alun@s residentes em território quilombola, direcionadas a Educação Infantil e ao Ensino Fundamental II.

As oficinas são atividades complementares do Projeto Educação, Etnicidade e Desenvolvimento: Fortalecimento de Alunos e Alunas Quilombolas na Educação Básica, respeitando-se as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Escolar Quilombola, instituídas pela Resolução 08/2012 do Conselho Nacional de Educação.

As oficinas ocorreram em períodos distintos de 2018, entretanto ambas com total e indispensável apoio local, das Prefeituras, das Secretarias Municipais de Educação (SEMEDs) e das Comunidades Quilombolas, sem as quais nosso trabalho não teria tido o sucesso esperado. Gratidão!!

Cerca de 30 crianças do território quilombola União São João, Município de Prainha, Oeste do Pará, participaram nas datas de 19 a 22/06/2018 da Oficina de Contação de Histórias Africanas. A Professora Simone Araújo (COPIR) narrou ao público presente Prefeito Davi Xavier, Secretário de Educação Wanderley e Diretora do Departamento de Cultura Suellem Esquerdo, aluno@s, pais e a comunidade em geral, o conto africano: A Lenda do Tamborinho com interlocuções expressivas dos presentes. 

A contação de história objetiva desenvolver o tema da arte literária, debate de reconhecimento e valorização da cultura e história africana e afro-brasileira nos diferentes âmbitos educacionais.  Afirmando que o acesso aos bens culturais é direito de todas as crianças e que a oralidade é uma das mais importantes heranças culturais africanas presentes na sociedade brasileira, responsável pela construção de uma autoimagem positiva com intenção de desenvolver momentos de protagonismo afirmativo. Atividade é enriquecedora para a temática e instituição da igualdade racial na Educação Infantil.















No período de 20 a 24/08/2018 desembarcamos em Porto de Moz para desenvolvermos as atividades do projeto supracitado. Atendemos durante as oficinas cerca de 80 alun@s com atividades direcionadas para a Educação Infantil e Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano).

As oficinas contaram com movimentos de suma importância para suas realizações. Primeiramente nos reunimos na sede do município com a secretaria municipal de educação Kely Cristina Santos Miranda, a diretora de ensino Gleiciane Lima, e o coordenador de ensino médio (zona rural) Cleoson Aranha, para definirmos detalhes de nossas ações e logísticas de acesso as comunidades.

Posteriormente a reunião se estendeu a comunidade de Maripi com a diretora e professoras(es) da escola, em seguida contamos com a presença dos pais dos alun@s e a comunidade em geral para uma conversa descontraída e informativa, momento que o Professor Augusto Uchoa e a Professora Simone Araújo apresentaram a COPIR e suas ações/práticas pedagógicas no que tange a educação para a igualdade racial, diversidade e a identidade de ancestralidade negra. Explicando que as atividades seriam desenvolvidas de forma complementar com as atividades sala de aula do cotidiano escolar, sem comprometer o aprendizado dos alun@s.

As atividades ocorreram na comunidade de Maripi nas dependências da Escola Municipal de Ensino Fundamental São Tomé, em que a mesma recebe alun@s das comunidades quilombolas do Sagrado Coração de Jesus, São Raimundo e Buiuçu, e no Barracão da Ramada nos períodos da manhã e tarde cordialmente cedido para os momentos de conversas e a vídeo projeção dos documentários: Disque Quilombola e Pode me chamar de Nadir, seguido de roda de conversa com base em seus modos próprios de pensar e ver o mundo, objetivando ampliar o que sabem e aprender a lidar com as questões relativas ao patrimônio cultural e identidade afro-brasileira, a construção e afirmação de uma autoimagem positiva.

O território de Maripi apresenta uma característica impar haja vista que na comunidade residem grupos étnico-raciais com e sem autoatribuição quilombola. Aspecto potencializador para as atividades e as discussões que se seguiram durante as práticas pedagógicas nos dias posteriores em continuidade com a Oficina Afrozine: Etnografia Quilombola.

A oficina Afrozine procura oferecer condições para a criação do uso de mídia alternativa (jornal/revista artesanal) como recurso didático e forma de expressão a partir de conteúdos em abordagens relacionada à história e cultura africana e afro-brasileira, para salvaguardar os saberes e fazeres das Comunidades Tradicionais de Matrizes Africanas, em especial as quilombolas.

A Cartografia Temática configura uma etnografia simples direcionada à representação de temas ou dos mais variados assuntos, num espaço delimitado, a partir da perspectiva cultural, buscando identificar o patrimônio cultural material e imaterial local. Temas abordados:
·  Mapa temático Expressões Culturais (manifestação artística em geral - literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas)
  • ·   Mapa temático Celebrações e Festas (relacionadas à religião, à civilidade, aos ciclos do calendário, rituais, etc);
  • ·         Mapa temático Memória (contos, mitos/lendas);
  • ·     Mapa temático Saberes e Sabores (registros de bens imateriais que reunem conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades).




































Texto: Simone Araújo
Fotos: Simone Araújo, Augusto Uchoa e Gleiciane Lima

Nenhum comentário:

Postar um comentário