EXPOSIÇÃO "ÁFRICA: OLHARES CURIOSOS", Hilton Silva

segunda-feira, 4 de julho de 2011

História Geral da África nas escolas paraenses

Oito volumes com mais de oito mil páginas sobre a história da África. Da pré-história aos dias atuais, na Coleção “História Geral da África”, o continente é apresentado a partir da visão de mais de 350 pesquisadores africanos que expõem a cultura, a economia, a sociedade e as artes do lugar onde a humanidade surgiu. A versão em língua portuguesa da Coleção foi lançada na Universidade Federal do Pará nesta terça-feira, 21, com a presença de representantes da Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (UNESCO), do Ministério da Educação (MEC), de órgãos públicos, de universidades locais e de pesquisadores da temática afro-brasileira de todo o país.


A Coleção já começou a ser distribuída pelo MEC a bibliotecas públicas de Instituições de Ensino Superior, de Polos da Universidade Aberta do Brasil, dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e dos Conselhos Estaduais ou Distritais de Educação. A obra também já pode ser acessada pela internet a partir dos sites da Unesco e do Ministério da Educação.



No Pará, os volumes foram oficialmente entregues à UFPA e à UEPA durante o lançamento oficial nesta terça-feira e, segundo o secretário adjunto de Educação do Estado, Waldecir de Oliveira, a Coleção “História Geral da África” já está sendo indicada aos professores paraenses nos cursos de formação oferecidos pela Seduc.

Paolo Fontani, coordenador de Educação da representação da Unesco no Brasil, explicou que a tradução da obra faz parte de um conjunto de ações da Unesco que envolve estudos e propostas para a implantação efetiva da Lei nº10.639/03, cujo artigo 26ª estabelece a Educação das Relações Étnico-Raciais e a História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nas escolas brasileiras. A organização, agora, dedica-se ao projeto de elaboração de uma obra-resumo sobre a Coleção, que terá dois volumes e cerca de 600 páginas. “Começa hoje um caminho que tem de chegar às salas de aula de todo o país.


Para o coordenador geral de Educação para Relações Étnico-Raciais do MEC, Antônio Mário Ferreira, a Coleção é um começo. A partir dela, vai-se produzir uma obra-resumo, livros didáticos e atlas direcionados especificamente a alunos e professores do ensino fundamental e do médio, que são o alvo destes conhecimentos. “É dentro das escolas que temos a oportunidade de mudar a história dos negros no Brasil”, acredita.

“Estes livros devem ser traduzidos em debates e reflexões sobre a contribuição das sociedades africanas para a sociedade brasileira. Contribuição que pode ser observada cotidianamente nas receitas, nos métodos de cultivo agrário, na produção artística, nas celebrações religiosas e em outros tantos exemplos”, defendeu Eleanor Gomes, coordenadora da Casa Brasil-África da UFPA.

Zélia Amador, professora da UFPA e presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as), lembrou a relação estreita entre o Brasil e a África. “Esta Coleção tem uma importância singular para todos nós. Conhecer a África é conhecer mais sobre os brasileiros. País onde mais da metade de sua população é negra, ou seja, de origem africana”. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Norte é a região brasileira com o maior número de pessoas que se autodeclaram negras ou pardas, com 86% do total de habitantes.

A vice-reitora da UEPA, Maria das Graças Silva,  diz, “Esta Coleção é essencial para a divulgação dos saberes africanos presentes cotidianamente na sociedade paraense,  e ainda são pouco reconhecidos como tais”. Já “para a UFPA, é uma honra imensa sediar um evento da envergadura e importância deste. A história da África é a história dos nossos ancestrais e da própria humanidade, porque foi lá que o Homo sapiens nasceu. Foi ali que a humanidade nasceu, por isso esta Coleção é um patrimônio de toda a humanidade”, definiu Horácio Schneider, vice-reitor da Universidade Federal do Pará.

Texto: Glauce Monteiro – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Karol Khaled

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