Inicia
amanhã em Belém (7 de agosto), o encontro “Os Quilombolas e os
Desafios da Regulamentação da Consulta Prévia” numa promoção conjunta
da Comissão Pró-Índio de São Paulo e da Malungu – Coordenação Estadual
das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará.
Trinta
lideranças quilombolas de diversas regiões do Pará participarão da
oficina. Segundo a Malungu, no Pará encontram-se mais de 400
comunidades quilombolas. É o estado que conta com o maior número de
comunidades quilombolas com terras tituladas no Brasil: são 120
comunidades, o que representa 47% do total.
Situadas
numa região muito rica em recursos naturais, as comunidades
quilombolas da Amazônia sofrem diversas pressões como empreendimentos
hidrelétricos ou de extração de minérios. Todas estas intervenções
demandam consultas prévias das comunidades afetadas. No entanto, o que
se observa é que o direito a consulta prévia não vem sendo respeitado.
Isso é o que ocorre nesse momento, por exemplo, com as comunidades
quilombolas do município paraense de Oriximiná que estarão presentes no
encontro. O governo federal outorgou concessões de lavra de bauxita
para a Mineração Rio do Norte que incidem em dois territórios
quilombolas, onde vivem 12 comunidades. Esse ano, a empresa iniciou os
trabalhos de preparação para a extração mineral a partir de 2018 sem
que fosse realizada consulta ou mesmo uma comunicação oficial aos
quilombolas.
Esse
e outros casos serão discutidos na oficina no contexto da reflexão
sobre os procedimentos mais adequados para as consultas. Também serão
analisadas as legislações que regulamentam a consulta em países como o
Peru, Chile e Bolívia e avaliados os riscos envolvidos na
regulamentação dos procedimentos para a consulta.
A
programação da oficina vai até o próximo dia 9, quando ocorrerá a Roda
de Diálogo com a participação de representantes da Secretaria Geral da
Presidência da República e Ministério das Relações Exteriores – que
coordenam o processo de regulamentação da consulta-, do Instituto de
Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (IDESP) – um dos
órgãos que integra a Comissão Estadual de Políticas para Comunidades
Remanescentes de Quilombos do Pará -, do Ministério Público Estadual e
Ministério Público Federal.
Espera-se
que o debate em torno da regulamentação fortaleça as comunidades
indígenas e quilombolas para cobrar do Estado Brasileiro o cumprimento
do direito a consulta livre, prévia e informada.
Comissão Pró-Índio de São Paulo
Fonte: Racismo Ambiental
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