Construção
e Afirmação da Autoimagem Positiva em Comunidades Quilombolas
A Coordenadoria de
Educação para a Promoção da Igualdade Racial da Secretaria de Estado de
Educação do Pará (COPIR/SEDUC) promoveu nos Municípios de Prainha e Porto de
Moz oficinas com práticas pedagógicas que contemplaram a identidade
afro-brasileira e a construção e afirmação de uma autoimagem positiva de alun@s
residentes em território quilombola, direcionadas a Educação Infantil e ao
Ensino Fundamental II.
As oficinas são
atividades complementares do Projeto
Educação, Etnicidade e Desenvolvimento: Fortalecimento de Alunos e Alunas
Quilombolas na Educação Básica, respeitando-se as Diretrizes Curriculares
Nacionais da Educação Escolar Quilombola, instituídas pela Resolução 08/2012 do
Conselho Nacional de Educação.
As oficinas ocorreram
em períodos distintos de 2018, entretanto ambas com total e indispensável apoio
local, das Prefeituras, das Secretarias Municipais de Educação (SEMEDs) e das
Comunidades Quilombolas, sem as quais nosso trabalho não teria tido o sucesso
esperado. Gratidão!!
Cerca de 30 crianças do
território quilombola União São João, Município de Prainha, Oeste do Pará, participaram
nas datas de 19 a 22/06/2018 da Oficina
de Contação de Histórias Africanas. A Professora Simone Araújo (COPIR)
narrou ao público presente Prefeito Davi Xavier, Secretário de Educação Wanderley e Diretora do Departamento de Cultura Suellem Esquerdo, aluno@s, pais e a comunidade em geral, o conto
africano: A Lenda do Tamborinho
com interlocuções expressivas dos presentes.
A contação de história
objetiva desenvolver o tema da arte literária, debate de reconhecimento e
valorização da cultura e história africana e afro-brasileira nos diferentes
âmbitos educacionais. Afirmando que o
acesso aos bens culturais é direito de todas as crianças e que a oralidade é
uma das mais importantes heranças culturais africanas presentes na sociedade
brasileira, responsável pela construção de uma autoimagem positiva com intenção
de desenvolver momentos de protagonismo afirmativo. Atividade é enriquecedora
para a temática e instituição da igualdade racial na Educação Infantil.
No período de 20 a
24/08/2018 desembarcamos em Porto de Moz para desenvolvermos as atividades do
projeto supracitado. Atendemos durante as oficinas cerca de 80 alun@s com
atividades direcionadas para a Educação Infantil e Ensino Fundamental II (6º ao
9º ano).
As oficinas contaram
com movimentos de suma importância para suas realizações. Primeiramente nos reunimos
na sede do município com a secretaria municipal de educação Kely Cristina
Santos Miranda, a diretora de ensino Gleiciane Lima, e o coordenador de ensino
médio (zona rural) Cleoson Aranha, para definirmos detalhes de nossas ações e
logísticas de acesso as comunidades.
Posteriormente a
reunião se estendeu a comunidade de Maripi com a diretora e professoras(es) da
escola, em seguida contamos com a presença dos pais dos alun@s e a comunidade
em geral para uma conversa descontraída e informativa, momento que o Professor
Augusto Uchoa e a Professora Simone Araújo apresentaram a COPIR e suas
ações/práticas pedagógicas no que tange a educação para a igualdade racial,
diversidade e a identidade de ancestralidade negra. Explicando que as
atividades seriam desenvolvidas de forma complementar com as atividades sala de
aula do cotidiano escolar, sem comprometer o aprendizado dos alun@s.
As atividades ocorreram
na comunidade de Maripi nas dependências da Escola Municipal de Ensino
Fundamental São Tomé, em que a mesma recebe alun@s das comunidades quilombolas
do Sagrado Coração de Jesus, São Raimundo e Buiuçu, e no Barracão da Ramada nos
períodos da manhã e tarde cordialmente cedido para os momentos de conversas e a
vídeo projeção dos documentários: Disque
Quilombola e Pode me chamar de Nadir,
seguido de roda de conversa com base em seus modos próprios de pensar e ver o
mundo, objetivando ampliar o que sabem e aprender a lidar com as questões
relativas ao patrimônio cultural e identidade afro-brasileira, a construção e
afirmação de uma autoimagem positiva.
O território de Maripi apresenta
uma característica impar haja vista que na comunidade residem grupos étnico-raciais
com e sem autoatribuição quilombola. Aspecto potencializador para as atividades
e as discussões que se seguiram durante as práticas pedagógicas nos dias
posteriores em continuidade com a Oficina Afrozine: Etnografia Quilombola.
A oficina Afrozine procura
oferecer condições para a criação do uso de mídia alternativa (jornal/revista
artesanal) como recurso didático e forma de expressão a partir de conteúdos em
abordagens relacionada à história e cultura africana e afro-brasileira, para
salvaguardar os saberes e fazeres das Comunidades Tradicionais de Matrizes
Africanas, em especial as quilombolas.
A Cartografia Temática
configura uma etnografia simples direcionada à representação de temas ou dos
mais variados assuntos, num espaço delimitado, a partir da perspectiva
cultural, buscando identificar o patrimônio cultural material e imaterial
local. Temas abordados:
· Mapa temático Expressões Culturais
(manifestação artística em geral - literárias, musicais, plásticas, cênicas e
lúdicas)
- · Mapa temático Celebrações e Festas (relacionadas à religião, à civilidade, aos ciclos do calendário, rituais, etc);
- · Mapa temático Memória (contos, mitos/lendas);
- · Mapa temático Saberes e Sabores (registros de bens imateriais que reunem conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades).
Texto: Simone Araújo
Fotos: Simone Araújo, Augusto Uchoa e Gleiciane Lima
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