Além de representante das 10 comunidades quilombolas de Santarém,
a atividade teve participação de integrantes da CPT, do MAB, do Grupo
Consciência Indígena e do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras
Rurais do município.
Lideranças, jovens e moradores das dez comunidades remanescentes de
quilombos do município de Santarém/PA participaram da primeira oficina
do Projeto “Direitos Humanos e Desenvolvimento no Oeste do Pará: combate
à pobreza extrema através da educação em direitos humanos”, realizada
nos dia 21 e 22 de abril, pela Terra de Direitos.
A metodologia da atividade seguiu o roteiro de apresentar e fomentar o
debate sobre as frentes de desenvolvimento que hoje exercem influência e
convergem para o Oeste do Pará e como estas se relacionam com a
afirmação dos direitos humanos econômicos, sociais, culturais e
ambientais dos povos da região, especialmente os quilombolas.
Foram identificadas quatro frentes de desenvolvimento, cada uma com
aspectos próprios de funcionamento e impactos diferenciados: a
agropecuária, a industrial, a economia verde e a via popular de
desenvolvimento. Durante a oficina houve a apresentação e o debate amplo
acerca desses quatro elementos.
A via popular de desenvolvimento foi aprofundada a partir da
exposição do campo quilombola nacional e dos processos de titulação de
seus territórios no Oeste do Pará. Na sequência do trabalho, os
participantes iniciaram a construção de uma proposta quilombolas para o
desenvolvimento regional, levantando as demandas e ações a serem
colocadas em prática. As diretivas das comunidades quilombolas serão
posteriormente reunidas aos projetos dos outros atores locais –
indígenas, extrativistas e ribeirinhos – para a conformação do esboço de
um projeto popular para o desenvolvimento do Oeste do Pará, a ser
trabalhado como documento final do Projeto.
A atividade também contou com a presença de representantes de outras
entidades e movimentos sociais, como da Comissão Pastoral da Terra
(CPT), do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), do Grupo
Consciência Indígena e do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras
Rurais de Santarém. A participação dessas organizações favorece um dos
principais objetivos desse projeto, que é justamente promover e fomentar
a articulação dos diversos segmentos da sociedade da região, no sentido
da construção de um projeto coletivo e popular de desenvolvimento para o
Oeste do Pará.
A oficina também possibilitou que o movimento quilombola local
discutisse, com o apoio dos advogados da Terra de Direitos, o recente
voto do Ministro Cézar Peluso na Ação Direta de Inconstitucionalidade
(ADI) 3239 no Supremo Tribunal Federal, que põe em risco todos os
avanços e territórios tradicionais quilombolas no Brasil.
O voto foi recebido com grande preocupação e como encaminhamentos
concretos as comunidades avaliaram a necessidade de pressionar mais o
Estado e se articular com as entidades quilombolas a nível regional,
pela articulação com a Coordenação das Associações das Comunidades
Remanescente de Quilombo do Para – MALUNGU e nacionalmente, com a
Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais
Quilombolas (CONAQ) para resistir.
Fonte: Boletim Famaliá
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