A África do Sul terá um museu em homenagem a Nelson Mandela, primeiro presidente negro da nação e símbolo da resistência contra o Apartheid. O memorial que ficará localizado em Mvezo, terá preservados os vestígios e peças da casa onde o pacifista nasceu há 93 anos. O local é atualmente alvo de disputa entre a família Mandela e o Governo da África do Sul.
O Centro de Interpretação de Mandela será a primeira obra de um projeto ambicioso, que além de ocupar cinco hectares terá incluído um albergue e um hotel cinco estrelas. Será neste espaço onde ficará exposta a história do clã Mandela e as raízes familiares do ex-governante pertencente à etnia Xhoza. Com orçamento de US$ 2,7 milhões, a construção financiada pela Fundação das Loterias do Estado tem previsão de início para 28 de fevereiro de 2013, conforme relatório da empresa Afesis-Corplan.
Impasse – O conflito entre o governo sul africano e a família Mandela teve início em 2000, quando a área declarada como de interesse público foi confiada ao Museu Nelson Mandela, ligado ao departamento de Cultura da África do Sul. Mphakanyiswa, pai de Nelson Mandela, foi chefe zulu da localidade até ser expulso de Mvezo pelo Governo colonial e obrigado a ir para Qunu, uma pequena vila na província Cabo Oriental.
A curadoria do museu reconheceu, em fevereiro de 2011, que a questão permanecia insolúvel. Ena van Schalkwyk, que faz parte da Aliança Democrática (AD), principal partido da oposição na África do Sul, e da comissão de Cultura, afirma que, até o momento, não foi registrado avanço na disputa pela área. O projeto turístico, liderado por Mandla Mandela, encontrou a oposição de três habitantes de Mvezo.
Segundo os moradores, o complexo hoteleiro previsto no projeto será construído sobre os túmulos de seus familiares e por isso levaram o caso à Justiça. Apesar das disputas sobre o hotel ainda não terem sido resolvidas, a empresa encarregada pelo projeto confirmou o início das obras para o próximo mês. A Corte Regional de Umtata, comarca da qual Mvezo faz parte deve emitir sentença já nas próximas semanas.
Reconhecimento - Símbolo da luta contra o Apartheid e da recuperação da África do Sul, como ficou conhecido Nelson Mandela, tem em sua história 69 anos de militância pela liberdade. Dada sua relevância como pacifista no cenário mundial, o homem que abriu mão da vida privada em prol de seu povo teve o dia de seu nascimento instituído, em 2010, como Dia Internacional de Nelson Mandela pela Organização das Nações Unidas (ONU).
A liberdade de Mandela, após 27 anos de prisão, foi um dos principais marcos para uma sociedade democrática na África do Sul. Três anos depois de sua soltura recebeu junto de Frederik de Klerk, presidente que o libertou, o Prêmio Nobel da Paz. Em 1994, Mandela se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul, diante de uma multidão de brancos e especialmente negros que votaram pela primeira vez em seu país.
Duas de suas ações mais importantes foram a criação da Comissão Verdade e Reconciliação e a reescrita da Constituição. Sua experiência de luta contra o Apartheid, sua postura no período de transição e seu claro objetivo de operar a reconciliação nacional o elevaram a político com maior autoridade moral do continente Africano, o que lhe permite ainda hoje desempenhar o papel de apaziguador de tensões e conflitos.
Fonte: SEPPIR
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