Um
vídeo que mostra uma partida desigual de futebol ilustra a página
principal do site do Baobá. Uma analogia que cai como uma luva em um
país mundialmente conhecido por esse esporte. Com uma linguagem simples,
o vídeo mostra que dentro de campo o que conta é a habilidade do
jogador. Porém, fora do gramado, a cor da pele ainda é uma das causas
principais de discriminação. Dados comprovam as desigualdades entre
negros e brancos. “Uma partida desigual em um jogo que você pode mudar”,
diz a descrição da animação.
O Baobá - Fundo pela Equidade Racial¬- foi criado justamente para
dar meios financeiros de promover a mudança por meio de doações. “O
fundo ficará no Brasil como legado da Fundação Kellogg que dobrará cada
dólar que conseguirmos por meio de doação”, conta o diretor executivo do
Baobá, Athayde Motta.
Essa iniciativa da Kellogg, de dobrar cada dólar doado, deve ser um
estímulo à doação que poderá ser feita para um causa específica ou para o
fundo como um todo.
Nem sempre uma associação sem fins lucrativos tem um fundo
patrimonial, uma prática comum em outros países. “Hoje o Brasil tem
condições legais e financeiras para isso”, comenta Motta.
O processo para virar um doador do Baobá é longo e criterioso.
“Ainda estamos trabalhando os processos com os possíveis apoiadores”,
conta. As doações começarão a ser aceitas neste primeiro semestre,
quando o grupo na direção do Baobá inicia também a divulgação do
trabalho que será desenvolvido.
Segundo Motta, no Brasil existe certa resistência ao reconhecimento
da capacidade da população negra de se organizar politicamente. “Sempre
foi difícil para as organizações negras terem apoio ao longo da historia
do país. Isso porque os movimentos sociais de caráter político podem
ser reprimidos e não contar com o apoio da sociedade, mas nunca se
questionou o direito das pessoas se organizarem politicamente”, fala
sobre a ideia que ainda impera sobre a não existência do racismo no
Brasil, pelo que não haveria necessidade de se ter um Movimento Negro.
“A tarefa principal do fundo é auxiliar o Brasil a ser um ambiente
favorável às políticas públicas e privadas de equidade racial”, revela
ao afirmar também que para isso será necessário mudar as mentalidades
cultural e política que derrubam as demandas do movimento negro por
alegar que elas são ilegítimas.
Por: Juliana Gonçalves
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