EXPOSIÇÃO "ÁFRICA: OLHARES CURIOSOS", Hilton Silva

terça-feira, 19 de maio de 2015

Exposição: Reminiscências de Nzinga.

Coordenação geral do projeto: Mametu Nangetu (Oneide Monteiro Rodrigues)
Coordenação Técnica: Táta Kafunlumizo (ÂngeloImbiriba)
Curadoria:Táta Kinamboji (Arthur Leandro) e Isabela do Lago.
Onde: Galeria Theodoro Braga
Av. Gentil Bittencourt, 650(subsolo) – Nazaré - 66035-340 Belém-PA Tel. 91-3202-4313.
galeriatheodorobraga@gmail.com e gtb@fcptn.pa.gov.br.
Esta exposição comemora os 10 anos do Instituto Nangetu e traz obras coletiv’afetivas da comunidade do Mansu Nangetu trazendo cores, sons e texturas da resistência ancestral afrofeminina  em homenagem e celebração à memória da Rainha  Nzinga Mdambi (1582-1680) - A indomável e inteligente soberana de Matamba e Ngola, que altaneira e silenciosa conseguiu formar uma poderosa coligação com os estados da Matamba, Ndongo, Congo, Kassanje, Dembos e Kissama, juntando vários povos na sua luta contra os invasores portugueses, e comandou a resistência à ocupação colonial e ao tráfico de povos bantu por cerca de quarenta anos. 
Nossa rainha resistiu ao imperialismo colonizador e ao tráfico de negros para a escravidão na América sem nunca ter sido capturada. A palavra Nzînga vem do verbo zînga, que significa viver muito tempo, durar muito tempo, persistir durante muito tempo, com o sentido que é próprio da noção de autoridade no mundo bantu - o princípio do poder baseia-se no sangue de uma família derivado do ancestral principal - por esse motivo, nos Kôngo apenas os Nzînga podiam governar. A rainha quilombola de Matamba e Ngola tornou-se mítica e foi uma das mulheres e heroínas africanas cuja memória desafiou tempo, dando origem a uma ancestre [sic] cultural que invadiu o imaginário brasileiro com o nome de Ginga.
Em nossas tradições afro-amazônidas nós celebramos Kitembo, o Tempo, e o ditado “Tempo é rei de Ngola” é repetido pela comunidade como um mantra. Ginga permanece no nosso povo como um DNA cultural, uma coisa que está ali na memória dos saberes tradicionais, e que aflora em estampas de tecidos, paramentos de Nkisi, ações políticas, ambientalistas e, por que não, também poéticas.
Poéticas sim, pois através da manipulação do espaço-tempo em perspectiva sensível, nossas reminiscências se convertem em uma perpetuação de memórias da resistência negra que reconstroem nossa paisagem ancestral calcada em raízes que vêm de uma família real, que vêm dessa Nzinga.
Táta Kinamboji (Arthur Leandro) e Isabela do Lago
AUTORIA COLETIVA, bem comum 
As obras aqui expostas são fruto de ações comunitárias do terreiro Mansu Nangetu e seus parceiros, em especial ações ligadas aos projetos institucionais, como:  projeto Azuelar – laboratório experimental de comunicação social comunitária; projeto A magia de Jinsaba – sem folhas não tem ritual, com objetivo de criar ambiente para manter o cultivo de plantas medicinais e de uso litúrgico, e incentivar seu cultivo, além da reciclagem de material e produção de vasilhas biodegradáveis, contribuindo com a preservação de matas e de igarapés urbanos; e o projeto Ancestralidade e Resistência, com o objetivo de valorizar a ancestralidade feminina nas Comunidades Tradicionais de Terreiros; projeto Kiua Nangetu – poéticas visuais de resistência negra, de vivências poéticas, intervenções midiáticas e outras intervenções urbanas com poéticas de artistas de terreiro.
 

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