Técnicos da Coordenadoria da Educação do Campo, das Águas e das
Florestas (Cecaf) da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) realizaram
duas formações voltadas para os professores da educação do campo que
atuam nas comunidades de Moju, no Baixo Tocantins. As oficinas foram
aplicadas nos dias 28 e 29 deste mês, durante a Jornada Pedagógica,
promovida pela Secretaria Municipal de Educação de Moju, no Centro de
Educação Professor Oton Gomes de Lima.
Na primeira oficina, o técnico João Guilherme fez uma retrospectiva
sobre o significado da educação do campo, além de falar sobre a atuação
da Cecaf na região. Foi o momento, também, de trocar informações com os
professores sobre as experiências deles no trabalho no campo.
“Repassamos às comunidades o trabalho que a Seduc desenvolve em Moju e
em outras regiões, promovendo ainda mais a educação do campo e fazendo
uma relação de proximidade com as comunidades que já desenvolvem o
Projovem, Saberes da Terra, Casa Família Rural e Escola da Terra”,
explicou.
A segunda oficina foi conduzida pelo técnico da Cecaf/Seduc, Enos
Monteiro. O trabalho foi dividido em duas partes, com a elaboração de um
roteiro para montagem de um plano de disciplinas para a educação do
campo e dinâmicas de grupo com as atividades práticas. “Nossa intenção
foi sensibilizar os professores do quinto ao nono ano do ensino
fundamental a participar na formulação e execução dos projetos para
aquele cenário na comunidade em que atua e provocar uma reflexão sobre
as práticas em sala de aula desenvolvidas”, disse o técnico.
A Educação do Campo utiliza como metodologia a pedagogia da
alternância, em que o aluno do campo tem um tempo na escola e outro para
desenvolver o que aprendeu em sala de aula na comunidade. A prática é
aplicada, sobretudo, nas casas familiares rurais e está assegurada no
artigo 28 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). “A legislação
diz que a educação do campo deve partir da realidade da localidade do
aluno e a metodologia é importante para que as pessoas do campo possam
desenvolver todo o processo educativo, conforme a aplicação da lei”,
explicou ele.
Pela primeira vez na Jornada Pedagógica, a professora Márcia dos
Santos destaca a importância das oficinas no processo de atualização
como docente na escola da comunidade Limoeiro, no Médio Moju. “Como a
nossa comunidade é longe da cidade, a gente tem que buscar muita
informação fora. Espero levar esses conhecimentos para a minha turma e
para todos os alunos da escola”, disse ela.
Segundo ela, a educação do campo ainda é vista como um desafio para
os docentes da região que precisam pesquisar mais para trabalhar a
realidade dos alunos. Além disso, muitos apresentam distorção
idade/série. “Eu estou trabalhando no quarto ano e tem aluno que ainda
não conhece o alfabeto. Então, é bem difícil trabalhar. É como se fosse
uma turma multisseriada”, explicou.
A Jornada Pedagógica, promovida pela Secretaria Municipal de Educação
de Moju, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e
Universidade do Estado do Pará (Uepa), encerra nesta quinta-feira, 30,
com a entrega de certificados aos mais de dois mil professores, técnicos
e outros profissionais da rede estadual e municipal de ensino que
participaram das 36 oficinas realizadas nas tardes dos dias 28 e 29.
As oficinas foram voltadas para diversas modalidades de ensino e
temáticas, incluindo resíduos sólidos, legislação e documentação
escolar, práticas pedagógicas para o ensino da Educação de Jovens e
Adultos (EJA), iniciação científica e libras no cotidiano escolar foram
alguns dos temas desenvolvidos.
A Seduc, que mantem o Sistema Modular de Ensino (Some) em 13
localidades, também levou para o município as oficinas “Currículo e
Diversidade Racial nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental”, com as
técnicas Creuza Santos e Deusilene Melo, da Coordenação de Educação para
a Promoção da Igualdade Racial (Copir), e “Descritores da Prova Brasil
em Linguagem e Matemática”, com Ivone Cabral, da Diretoria de Educação
Infantil e Ensino Fundamental (Deinf).
Além do Some, a escola-sede da rede estadual oferta para a comunidade
o programa Saberes da EJA, na modalidade Ensino Médio, Ensino Médio
Regular e Ensino Médio EJA (1ª e 2ª etapas). São mais de 1500 alunos
atendidos.
Segundo o coordenador de Educação das Relações Étnico-Raciais da
Semed, Levy Leal, das 178 escolas pertencentes ao município de Moju, 90%
estão localizadas em áreas rurais, em localidades de difícil acesso.
“Moju tem um vasto território campesino, com uma grande diversidade
educacional e estamos trabalhando estas formações em consonância com a
demanda social e a legislação. São 23 comunidades quilombolas, com pelo
menos 13 escolas, e uma tribo indígena no Alto Rio Moju, com uma escola,
além de um número grande de escolas ribeirinhas para atender os povos
das águas e as populações das florestas”, informou ele.
Foto: Rai Pontes
Ascom/Seduc
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